sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Obra de Will Eisner recolhida no Espírito Santo

Tava demorando. Desde a confusão com a HQ Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol – distribuída a alunos de faixa etária inadequada nas escolas paulistas – que muita gente se preocupou com um possível retrocesso no uso dos quadrinhos na sala de aula.

O caso de Vila Velha (ES) é um pouco diferente. Segundo o site G1, um aluno de 12 anos recorreu à biblioteca de sua escola para concluir uma redação.

Foi-lhe entregue O Nome do Jogo, de Will Eisner, uma graphic novel para leitores adultos e que, mesmo não tendo nada de pornográfica, chocou a mãe do menino pelas “cenas de sexo, violência e embriaguez” e pelo uso de “linguagem pesada, grosseira e cheia de palavrões”.

A Secretaria de Educação de Vila Velha informou que todos os exemplares da HQ serão recolhidas da rede municipal e devolvidas ao MEC.

É aí que o fato começa a assustar pelo exagero.

A culpa não é do menino, claro. Nem da bibliotecária; segundo uma amiga que exerce essa profissão, idade não é critério de empréstimo e, em qualquer biblioteca, o acesso à informação (sem censura de qualquer tipo) deve prevalecer. “É claro que sempre orientamos o aluno para emprestar algo adequado para sua idade, mas não há como obrigar”, me disse ela.

A culpa também não é da mãe, que só quer o melhor para seu filho (apesar de que, para mim, a reação foi exagerada. As novelas hoje em dia têm cenas de “sexo, violência e embriaguez” muito mais pesadas que O Nome do Jogo e vez ou outra os microfones dos estádios captam a “linguagem pesada, grosseira e cheia de palavrões” de técnicos, jogadores e torcedores).

Então, culpe-se Will Eisner, ou melhor, sua obra. Não tivesse sido essa a conclusão das autoridades, a Secretaria de Educação não teria mandado recolher o livro.

Um triste desfecho para um triste episódio. Pena.

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