segunda-feira, 13 de julho de 2009

Papo de Quadrinho viu: Justiceiro: Zona de Guerra

Por Társis Salvatore

Para manter a tradição de respeito deste blog a seus leitores, não há spoilers nesta nota.

O Justiceiro estreou nos quadrinhos como coadjuvante em The Amazing Spider-Man 129 (fevereiro de 1974), mas somente em 1986 ganhou minissérie própria. No início da década de 90, personagens violentos e/ou politicamente incorretos ganharam destaque; assim, Frank Castle, o Justiceiro, um ex-militar cuja família foi morta pela máfia durante um piquenique, sobreviveu para se tornar um impiedoso matador de mafiosos e alcançou grande sucesso e popularidade com uma fórmula basicamente simples: encontrar vilões e atirar para matar.

Para o azar dos fãs, as primeiras incursões do Justiceiro à telona não foram muito bem recebidas pela crítica e público. Em 1989, The Punisher estreou nos cinemas dirigido por Mark Goldblatt, com Dolph Lundgren no papel principal, um baixo orçamento e as muitas diferenças com relação aos quadrinhos. O resultado foi o fracasso nas bilheterias e o repúdio dos fãs.

Em 2004 houve uma nova tentativa de levar o Justiceiro para as telonas, mas, novamente, o resultado foi insatisfatório, embora muito melhor do que o primeiro filme. Desta vez, a trama remetia aos quadrinhos e o Justiceiro foi vivido por Thomas Jane tendo o galã John Travolta como vilão.

Curiosamente o que foi considerado o "verdadeiro" filme do Justiceiro, sequer chegou aos cinemas e saiu no Brasil diretamente em DVD.

Lançado em um momento em que o Justiceiro não desfruta de grande popularidade e a violência explícita já não tem lotado as salas de cinema americanas, o novo filme passou desapercebido do público exatamente por ser fiel aos quadrinhos e à essência de seu personagem.

Ray Stevenson é um retrato fiel do Justiceiro (da boa fase Garth Ennis e Steve Dillon, a dupla criativa que trabalhou com o persongem pelo selo Marvel Knights entre 2000 e 2003). Essa fase, marcada pela violência explícita tanto nos bons roteiros quanto na arte, foi transportada com maestria pela diretora Lexi Alexander (Hooligans, 2005) e trouxe no elenco dois personagens importantes dos quadrinhos: o vilão Retalho (Dominic West) e o parceiro Microchip (Wayne Knight, o Newman do seriado Seinfeld), além do próprio Stevenson.

Assim como nos quadrinhos, Justiceiro: Zona de Guerra apresenta sem firulas a violência e a amargura de Frank Castle. Sua fúria punitiva - Castle não quer vingança, quer punir os mafiosos - conta com a conivência da polícia local que aprova seus métodos para chegar aonde o grande braço da lei não alcança, até que um agente infiltrado é morto e a amargura de Castle põe em dúvida suas convicções.

O restante é um reflexo da violência que acompanha o Justiceiro nos quadrinhos, seu palco repleto de bandidos mortos sem piedade, uma guerra envolvendo diferentes facções e gangues e reféns da loucura de um terrível vilão: O Retalho.

É uma pena que o melhor filme do Justiceiro (alguns fãs diriam, o único filme do Justiceiro) é uma adaptação certa na hora errada, um momento em que o público médio se enche de esperanças pela vinda do novo presidente norte-americano e parece saturado pela guerra, não acreditando que a matança desenfreada seja a melhor diversão para o momento.

Para os fãs de quadrinhos, sobretudo de heróis "politicamente incorretos" como Justiceiro, valeu a espera por essa ótima adaptação.

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