segunda-feira, 2 de novembro de 2009

5 Perguntas para Estevão Ribeiro

A partir desta semana, Papo de Quadrinho retoma a seção 5 Perguntas Para..., com minientrevistas de artistas e profissionais ligados aos quadrinhos. Para recomeçar, falamos com um jovem quadrinhista que vem provando que com dedicação e planejamento, o mercado não é assim tão hermético.

Ilustrador profissional e escritor, até recentemente a criação mais conhecida deste capixaba de 30 anos era o personagem para quadrinhos Tristão, que já foi publicado em jornais, nas coletâneas Graphic Talents e Imbróglio Capixaba e em HQs independentes.

Ao mesmo tempo em que concluía o romance autobiográfico Enquanto Ele Estava Morto, Estevão criou as tiras Os Passarinhos, que ele começou publicando na Internet e, logo depois, na revista MAD brasileira. Hoje os passarinhos já constam do portfolio de uma agência de representação e ganharam uma coletânea independente (em pré-venda).

Estevão Ribeiro responde as cinco perguntas do Papo de Quadrinho desta semana:

1) Uma das coisas que mais se ouve por aí é que o mercado brasileiro é avesso aos quadrinhistas nacionais. Como você explica o sucesso de Os Passarinhos?
Eu não considero Os Passarinhos um sucesso, mas uma recompensa. Faço quadrinhos há dez anos e escrevi muita coisa, investi muito no ofício de quadrinhista. Os Passarinhos surgiram agora, mas talvez eu só tenha alcançado a maturidade pra desenvolvê-los após anos de experimentações em diversas áreas, de projetos, portas fechadas na cara, estudos involuntários ou forçados. Os Passarinhos demoraram dez anos para nascer.
Quando desenhei os personagens ao acaso, enquanto esperava uma reunião, eu os achei bonitinhos e que poderiam render boas histórias. Aí, tive que me preocupar com o direcionamento: eles serão sacanas? Falarão palavrão? Serão ingênuos? Eu analisei as tiras que fazem sucesso: Calvin & Haroldo, Frank & Ernest, Snoopy, Mafalda... Decidi fazer um material com um humor mais acessível possível. O planejamento aconteceu nesse campo; no outro foi o senso de oportunidade mesmo. Os blogs são fáceis de se manter; se você se programar, os leitores não os abandonam. O Twitter foi a grande alavanca para divulgação. Tenho investido cerca de três a seis horas do meu dia nos
Passarinhos. Divulgando, fazendo contatos, desenhando...

2) E essa história do Neil Gaiman comentar no Twitter sobre sua tira com o personagem Piu Gaiman?

O Hector é um passarinho escritor e eu sempre que posso o coloco nas enrascadas que ouço nos bastidores de lançamentos, e uma das piores coisas é ter dois lançamentos no mesmo dia. Pior ainda se um for muito famoso e o outro é um desconhecido. Então pensei na minha situação: Se eu estivesse lançando um livro, qual seria a última pessoa que eu queria numa mesa ao lado autografando? Neil Gaiman! Então, coloquei o Hector nessa situação, com uma versão “Passarinho” do personagem: Piu Gaiman. Primeiro, coloquei em português no blog e depois a coloquei no blog Hector and Alfonse, o blog em inglês dos personagens.
A partir daí, foi entrar em contato com o Neil Gaiman pelo Twitter. Os amigos e as pessoas que conhecem
Os Passarinhos também enviaram mensagens para o Gaiman, até que finalmente ele leu e apresentou os personagens para seus seguidores. Na primeira hora, o blog em inglês recebeu 1228 visitas, e foram cerca de 65 RTs no twitter. Foi um dos momentos profissionais mais emocionantes da minha vida.

3) Como funciona o sistema de agenciamento das tiras? Algum veículo já mostrou interesse?
Bem, uma agência representa as tiras de diversos autores para uma lista de clientes, que são jornais, revistas e empresas de entretenimento. No caso da Intercontinental Press, ela representa os grandes nomes internacionais: Snoopy, Hagar, Recruta Zero, Fantasma, Frank & Ernest, Homem-Aranha (sim, a tira do Stan Lee) e outros para mais de 100 jornais. Foi uma honra ter sido aceito por esta agência, que também tem o Xaxado, do mestre Cedraz e a Samantha, do Alpino. A apresentação das tirinhas para os jornais é demorada, mas Os Passarinhos já foram apresentados a grandes editoras. O que resta agora é continuar produzindo e torcer que o material agrade, porque no final, é o jornal quem decide se quer a tirinha ou não...

4) E o projeto do livreto, como nasceu a ideia? São tiras inéditas ou já publicadas?
Eu tenho uma grande fome de publicar. Enquanto espero os jornais, não vou deixar o material que estou produzindo engavetado. Eu fiz um formato econômico, uma tirinha por página, e a publicação terá umas 100 tirinhas. Estou preparando uns depoimentos interessantes para a publicação, e serão basicamente as tiras que já estão no blog + as tiras que vão estar no blog. A pessoa terá a opção de ler o material todo de uma vez ou vai acompanhar o blog, que tem publicação de tira 3 vezes por semana. Serão divididos em capítulos, falando de relacionamentos, Vida de Escritor, sobre Migalhas, o Gato, sobre a mãe do Hector, a Dona Carmen. Acredito que cerca de 40% das tirinhas serão inéditas, mais o material exclusivo para a publicação. Eu sou suspeito pra falar, mas gosto de ter o material em papel para ler em qualquer lugar. Muita gente acha que não vale pagar R$ 8,00 por um trabalho que vai ser publicado em blog, mas todo mundo é livre para fazer o que quiser com o seu dinheiro. Vou ficar feliz em ter leitores prestigiando Os Passarinhos de qualquer forma: seja impresso ou na Internet.

5) Você está trabalhando em outros projetos com quadrinhos?
Sim... Na verdade, muitos e não só na área de quadrinhos: Terminei um livro de terror este mês e estou apresentando às editoras. Além disso, estou na dependência dos últimos dois ilustradores do álbum Pequenos Heróis, uma coletânea de histórias onde crianças e adolescentes fazem atos heróicos que homenageiam super-heróis da DC Comics. Inclusive estive no 6º FIQ para apresentação de 80% do projeto para o editor da DC, Eddie Berganza, que analisou o trabalho e, salvo algumas pequenas modificações, deu sinal verde para que publicássemos o material no Brasil. Ele até sugeriu uma mudança na história que faz referência ao Flash. Os dois meninos são ruivos e ele pediu que o mais velho tivesse o cabelo loiro, para que ficasse mais evidente a referência de Barry Allen e Wally West na história. Ele achou o material consistente e que as histórias nem precisariam ter as referências da DC para serem boas histórias. E pediu para ver a versão final. Outros dois trabalhos previstos para o ano que vem são dois álbuns: um no estilo steampunk e o outro para o segundo semestre: a origem do Tristão, para comemorar os 10 anos do personagem. E claro, mas tirinhas e livretos d’Os Passarinhos.


Quem quiser encomendar seu livreto, basta clicar aqui. Os leitores que comparem durante a pré-venda vão ajudar a bancar os custos de gráfica e, por isso, terão seus nomes publicados nos Agradecimentos.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Estevão Ribeiro, visite seus blogs:

http://www.estevaoribeiro.com.br/
http://euriomuito.wordpress.com/
http://tristao-umalagrima.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Avisando aos amigos: Meu site está temporariamente suspenso, mas logo volta com novidades!
    Obrigado Jota pela oportunidade!

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