segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ato 5: Lançamento em Curitiba

Mais uma HQ da dupla André Diniz (roteiro) e José Aguiar (arte), a mesma de A Revolta de Canudos.

O título refere-se ao Ato Institucional 5, um dos mais brutais golpes do regime militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Por meio deste decreto, de 1968, o presidente Costa e Silva e seus sucessores militares puderam governar acima da Constituição e dos poderes Legislativo e Judiciário.

Este contexto conturbado da época serve como pano de fundo para a história de três amigos ligados a uma companhia teatral – Juan, Gabriel e Lorena – e a forma como a censura e a repressão influenciaram suas vidas e carreiras.

Lançada oficialmente em outubro no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de Belo Horizonte, Ato 5 terá novo lançamento no dia 19 em Curitiba, na Itiban Comic Shop, com presença dos autores.

Nesta breve entrevista, José Aguiar conta um pouco do processo de criação e de suas expectativas com relação à revista.

1) A história dos três amigos é totalmente imaginária ou aconteceu com alguém que os autores conhecem?
É tudo ficção. Mas se a história convencer os leitores que pode ter sido inspirada em pessoas reais, eu ficaria muito lisonjeado. Sinal de que a trama (mérito do André) é convincente.

2) Como foi a pesquisa deste momento histórico? Quais foram as principais referências bibliográficas e iconográficas?
O André possui um acervo próprio sobre o período e, junto com o roteiro, me enviou várias fotos. Da minha parte eu me vali da Enciclopédia Nosso Século e de anúncios de revistas dos anos 70 a que tive acesso.

3) Muitos jovens não viveram os anos de chumbo no Brasil e nem têm uma visão clara do que foi aquele período. Você acha que eles podem ter alguma dificuldade para compreender o contexto de Ato 5?
Creio que, por mais distante que a Ditadura possa ser dos leitores mais jovens, a história lida com essa e outras questões de maneira bem clara. Nós não mergulhamos nos horrores do período, tocamos apenas em questões relevantes ao desenrolar da trama. Assim acabamos saindo da abordagem mais costumeira, que é retratar a guerrilha e a tortura. Foi o que me atraiu ao roteiro, pois as demais HQs sobre o período que André escreveu eram mais focadas na resistência armada. Muitas pessoas foram afetadas por aquele contexto, cada uma a sua forma. Cada um reagiu a sua maneira. Nossos personagens tiveram suas vidas tocadas pela Ditadura; felizmente escaparam do pior. Mas não ilesos, claro. Acho que mostrar o ponto de vista desses artistas pode gerar interesse nos leitores em saber mais sobre o período e suas consequências no Brasil de hoje. Ato 5 não é panfletária, mas capaz de instigar a curiosodade de quem desconhece os fantasmas da Ditadura.

Ato 5 é uma produção independente dos autores, tem 32 páginas, custa Cr$ 5 (isso mesmo, cinco cruzeiros, o dinheiro da época) e pode ser adquirida nos pontos de venda do Quarto Mundo, que distribui a HQ, ou pelo e-mail da Itiban Comic Shop. Há uma terceira opção, que é encomendar diretamente com José Aguiar e ainda ganhar um desenho autografado. Nos casos de encomenda por e-mail, será cobrada a taxa da remessa pelo correio.

SERVIÇO:
Lançamento de Ato 5, de André Diniz e José Aguiar
Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845)
Dia 19, às 19h.
Informações: (41) 3232-5367

Um comentário:

  1. Eu gosto muito das edições históricas do André Diniz, eu só espero que nesta ele tenha tido o cuidado de não cair no discurso fácil de outras e mostre que além do exercito e do estado, os estudantes e pessoas da esquerda e comunistas também mataram, sequestraram muita gente e anos depois são tidos como heróis, posando de injustiçados exilados.

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